Introdução
A falta de acesso às máquinas de Braille nas escolas, causa não só um desinteresse, como inviabiliza a alfabetização dos alunos com deficiência visual e capacitação dos professores sobre o sistema Braille. O alto custo para aquisição de uma máquina, valor a partir de 7 mil reais, e a dificuldade da escrita com a reglete negativa ou tradicional (dispositivo para escrita manual em Braille), que existe desde 1837, são os principais fatores que implicam nesse cenário.
A escrita e leitura Braille permite aos alunos exercerem sua criatividade e domínio da língua Portuguesa. Também é essencial para o desenvolvimento acadêmico dos alunos com deficiência visual.
A reglete positiva de bolso e/ou de anotações desenvolvida pela empresa TECE (Tecnologia e Ciência Educacional), em 2007 apresentou melhorias significativas, facilitando a compreensão e a escrita Braille. Porém sua pequena base foi projetada para escrita de pequenos curtos, o que dificulta sua utilização em sala de aula, e seus pontos são pouco duráveis, apagando-se em pouco tempo de leitura.
A reglete a ser desenvolvida com este projeto facilitará a escrita em sala de aula e será uma maneira eficaz de investir no ensino-aprendizagem inclusivo da rede pública, uma vez que o material aqui proposto terá um custo acessível às escolas públicas. O produto final será uma reglete de fácil manuseio, com uma base em formato A4 e com pontos mais duráveis.
Justificativa
No Brasil, há um constante crescimento no número de alunos, que estejam matriculados no Ensino Fundamental, Médio ou Superior com algum tipo de deficiência, desde a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96, Art 4º).
Em especial, nota-se o aumento da porcentagem desses alunos de 60,5% em 2009 para 74,2% em 2011, devido ao lançamento do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Decreto 7612/11). No entanto, o aumento desses números ainda não representa uma solução, pois outras barreiras ainda existem, por exemplo, apenas 28,3% das escolas no Brasil possuem salas de recursos multifuncionais para Atendimento Educacional Especializado, que oferecem apoio no processo de aprendizagem do aluno com deficiência. Este fator, reflete negativamente, no desenvolvimento educacional desde os primeiros anos na escola até a universidade.
Considera-se também, a informação de que a deficiência que mais ocorre entre os brasileiros é a visual, que atinge 3,6% da população. Mas entre os universitários, a mais representativa é a deficiência física, com 35,9%.
Hoje, o ensino do Sistema Braille é imprescindível no processo de comunicação e aprendizado de alunos com deficiência visual e os dispositivos que permitem a sua escrita possuem alto custo para aquisição ou falhas no conceito de utilização. Isso abre caminho para o desenvolvimento de uma nova tecnologia que irá solucionar os problemas enfrentados atualmente.
Objetivos
É prototipar e confeccionar a reglete positiva A4 e o punção; e incentivar a escrita e leitura do Braille.
Público Alvo
Professores do ensino fundamental e médio nas disciplinas de exatas.
Proposta
O instrumento reglete e punção foram criados por Louis Braille para a escrita e leitura do código por ele desenvolvido. A reglete é composta por uma prancha e uma régua com células para a escrita. Para a escrita dentro das células é utilizado o punção. Uma célula Braille é composta de seis pontos (em alto-relevo) dispostos em duas linhas laterais, cada uma contendo três pontos. As posições dos pontos são identificadas por números de um a seis, sendo os pontos de 1 a 3 a primeira coluna e 4 a 6 a segunda coluna. No total são 63 combinações possíveis. O código pode ser usado para representar letras do alfabeto latino, grego; números; símbolos químicos e físicos, bem como na musicografia. Apesar de ser um instrumento antigo, é muito utilizado por ser mais acessível e simples de transportar.
Atualmente temos diferentes modelos de reglete: A reglete negativa ou tradicional de mesa; a reglete tradicional de página inteira e a reglete de bolso positiva. Na reglete tradicional a escrita é feita da direita para a esquerda porque a leitura é realizada ao virarmos o papel, ou seja, da esquerda para a direita. Este método de escrita e leitura, apesar de ser antigo, dificulta e torna lento o aprendizado. Com a reglete positiva, é possível escrever diretamente da esquerda para a direita, facilitando a escrita e o aprendizado. Em contrapartida, no mercado só temos a reglete positiva de bolso (pequena) que ainda necessita de melhorias para uma melhor escrita do código Braille. Seus pontos possuem pouca durabilidade, pouco relevo e são muito largos, dificultando a leitura entre as células e penalizando a leitura do texto.
A proposta deste projeto é o desenvolvimento de uma reglete positiva de tamanho A4 com pontos de relevo com maior durabilidade utilizando impressora 3D. O projeto encontra-se em sua fase inicial. A reglete consistirá em uma prancha de material plástico com os furos das células para apoio e o punção com maior profundidade para a realização dos furos. A grande vantagem deste modelo será a utilização para a escrita de textos maiores; como acompanhar aulas e demais atividades que necessitam de uma escrita confortável e ergonômica. A reglete será leve e de fácil portabilidade.
Metas
Testar a escrita Braille na reglete com 50 alunos deficientes visuais de instituições e escolas públicas do país; Testar a leitura Braille com 50 alunos deficientes visuais de Institutos, Fundações e ONGs para cegos, e escolas públicas do país para validar a durabilidade e relevo dos pontos; Avaliar a reglete e sua funcionalidade a partir de uma ficha de avaliação a ser preenchida pelos alunos com deficiência visual e professores de Braille; Incentivar a escrita e leitura do Braille, oferecendo um curso de Braille para os professores das escolas públicas do oeste do Paraná. Abordando tanto os aspectos pedagógicos como relacionais, respeitando a diversidade e incentivando a inclusão de forma positiva; Oferecer subsídio aos professores do ensino fundamental e médio nas disciplinas de exatas utilizando o código matemático Braille com a reglete positiva A4 por meio de vídeos e cursos educativos.
A cada parte do processo de construção da reglete será feita uma avaliação. A primeira avaliação será o desempenho da ergonomia da reglete e a qualidade da escrita. Seguido da durabilidade dos pontos em relevo escritos com a reglete. O desempenho da reglete será testado a partir das diferentes atividades propostas com a escrita do código Braille e posterior leitura dos textos. A partir dessas análises e da ficha de avaliação final, teremos uma avaliação geral da reglete positiva A4.
Referências
Agência Brasil. Cresce o número de estudantes com necessidades especiais. Disponível no link. Acesso em 28 de janeiro de 2022.
Agência Senado. Lei nº 13.409, de 28 de dezembro de 2016. Disponível no link. Acesso em 28 de janeiro de 2022.
Anuário Brasileiro da Educação Básica 2021. Educação Especial/Inclusiva. Disponível no link. Acesso em 28 de janeiro de 2022.
Portal MEC. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível no link. Acesso em 28 de janeiro de 2022.
TECE (Tecnologia e Ciência Educacional). Reglete Positiva de Bolsa com Punção. Disponível no link. Acesso em 28 de janeiro de 2022.
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