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  • Caderno REDI

Espécies exóticas invasoras: o caso da algarobeira em ambiente semiárido

  • sexta, 01 de julho de 2022

A disseminação e propagação de espécies de plantas exóticas invasoras mais habitualmente denominadas pelos pesquisadores do ramo das ciências ambientais e biológicas como espécies daninhas, veneníferas/tóxicas, indígenas, imigrantes, alienígenas ou “intrusas” disponíveis em diferentes ambientes favoráveis ao seu desenvolvimento, se estabelece desde tempos remotos como um problema a ser encarado pelas sociedades mundo a fora. 

 

Trata-se de espécies cujos habitats e serviços ecossistêmicos enfrentaram em sua grande maioria mudanças antropogênicas, que afetam de tal maneira os meios de subsistência de populações locais. Na visão de autores como Primack e Rodrigues (2001), as concentrações mais altas de espécies exóticas são frequentemente encontradas em habitats que foram em grande parte alterados pela atividade humana. Espécies exóticas que são adaptadas ao ambiente criado pelo o homem amplia facilmente sua área de ocorrência (Soulé, 1990; Primack e Rodrigues, 2001). 

 

Dentre as espécies exóticas invasoras têm-se a algarobeira (Prosopis juliflora) SW. DC., também conhecida como algaroba, uma das árvores pertencentes ao grupo de mais de 40 espécies o gênero Prosopis, uma arbórea leguminosa, oleaginosa e hermafrodita. Essas árvores são capazes de tolerar altos índices de temperatura e solos salinizados com elevado teor de nitrogênio. Se destaca em áreas de vazantes e agrícolas onde se predomina significativo quantitativo de águas subterrâneas e solos ricos em matéria orgânica respectivamente. A espécie se avulta em relação as demais devido a imperiosidade diante de espécies endêmicas, como por exemplo, as existentes no bioma caatinga no Nordeste brasileiro. 

 

As primeiras sementes de algarobeira chegaram no Nordeste do Brasil no ano de 1942, em Serra Talhada, Sertão do Estado de Pernambuco para fins de proveito alimentar dos rebanhos durante as extensas ocasiões de estiagem, bem como reflorestamento de áreas degradadas. O manejo da referida árvore faz-se de grande valia para os povos campesinos do semiárido nordestino, pois além de servir como fins forraginosos e nutritivos por meio de suas vagens adocicadas, também abastece recursos energéticos como lenha e carvão para as indústrias alimentícias e de materiais de construção em geral, como cerâmicas e tijolos. 

 

Além disso, condiciona o fenecimento de recursos madeireiros como estacas e mourões para edificação de cercas das propriedades poupando o corte e/ ou retirada de espécimes nativas da caatinga que se encontra sob o preocupante processo de desertificação, sobretudo em razão dos artifícios modificadores de paisagens como o desmatamento e queimadas, aliado as intempéries naturais como as condições climáticas. De fato, a algarobeira não provoca somente impactos benéficos, existem os adversos, os quais se constituem de maneira veemente e inusitada importunando órgãos de governo, e especialmente os povos campesinos agricultores e fazendeiros.

 

 Por seu turno, a árvore em evidência determina a invasão escalar de habitats autóctones e agropastoris acarretado pelo o tipo de semente que é de fácil disseminação e germinação cuja dormência é quebrada no trato intestinal de gado. Provoca mortes de gado (bovinos, ovinos e caprinos), sobretudo, aquele primeiro devido ao consumo excessivo. Condiciona rachaduras e destrói sistemas de armazenamento de água e canais de irrigação. Seus espinhos venenosos ao entrar em contato com a pele e carne humana e animal conduz a inflamações desagradáveis.

 

Autor Patrício Rinaldo dos Santos

Membro da equipe de Comunicação Científica do Instituto REDI. É Gestor Ambiental com Formação Pedagógica em Ciências Biológicas e Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Atualmente ocupa o cargo de Diretor de Departamento de Meio Ambiente junto a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Ibimirim - PE.

 

Referências

PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: Editora Planta, 2001.