Nunca se falou tanto sobre diversidade e inclusão como nos últimos tempos. Felizmente, organizações estão começando a perceber que compromissos e práticas nesse sentido – além de necessários em termos de direitos humanos e justiça – significam eficiência, o que consequentemente se traduz em melhor desempenho financeiro, conforme já vem sendo indicado por vários estudos. No entanto, o avanço é lento. E o cenário geral continua desfavorável, por exemplo, para as mulheres.
Especificamente em relação às áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, em inglês), as dificuldades no acesso a oportunidades de estudo e trabalho ainda são enormes. A sub-representação feminina, que obviamente não é decorrente de uma questão de preferência por parte das mulheres, é constatada em diversos contextos, em nível global, entre pesquisadores, membros de academias de ciências nacionais e em posições de liderança. Tal desigualdade também está refletida na história do Nobel, com pouquíssimas mulheres laureadas nas categorias científicas.
Na pandemia, ficou mais evidente o quanto as áreas STEM são necessárias. Já é sabido que a humanidade vai precisar lidar com problemas cada vez mais frequentes e complexos. Com o entendimento de que não se pode continuar desperdiçando o potencial feminino e que as respostas aos desafios costumam ser mais rápidas e efetivas quanto mais diverso o grupo de profissionais, o Instituto REDI está desenvolvendo o projeto Ela-STEM, que oferece mentoria online e gratuita para estudantes que se identificam com o gênero feminino (cis ou trans) e que estão matriculadas no ensino médio da rede pública.
A mentoria se baseia em dois pilares: interação direta com mentoras e palestras ministradas por profissionais renomadas. Para a primeira edição, 140 meninas foram selecionadas. De junho a dezembro, acontecerão 14 encontros entre mentorandas e 18 palestrantes sobre diversos temas (de astronomia a empreendedorismo). E 14 mentoras – mulheres atuantes em STEM – compartilham conteúdos e suas próprias experiências.
Conectado aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas, o Ela-STEM pretende contribuir para a redução da desigualdade de gênero, desconstruindo estereótipos e incentivando o interesse, a confiança e o envolvimento das estudantes com as áreas STEM. A mentoria é uma preparação para que elas aproveitem as oportunidades e enfrentem os desafios nos âmbitos acadêmico e corporativo. Para conduzir esse trabalho, o REDI firmou parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Três professoras dessas instituições são líderes científicas do projeto, cuja importância para a diversidade e a inclusão já foi reconhecida pelo Cambly (plataforma de conversação em inglês) e pela Universidade Paulista (Unip/ Presidente Prudente-SP), que também se tornaram parceiros da iniciativa.