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Educação Alternativa: Entrevista com Gabriele Nigra Salgado

  • segunda, 20 de dezembro de 2021

A Bióloga Gabriele Nigra Salgado em conversa com o Instituto REDI revela através de seu trabalho uma discussão sobre a educação alternativa. Mestre em Educação Ambiental e Doutora em Educação Alternativa, nos faz apontamentos relevantes sobre a amplitude desse termo e ressalta "Eu sempre uso aspas quando falo sobre o que é alternativa", pois como ela mesma explica o entendimento da educação por esse prisma varia de acordo com o entendimento de cada indivíduo.

 

Em busca de compreender o contexto em que surge esse conceito de educação, a bióloga se depara, em sua pesquisa,  com o movimento de contracultura que surge fortemente nos Estados Unidos nos anos 80 e  que mais tarde acaba por influenciar o Brasil, movimento esse que não se limita a educação pois como a mesma declara "A educação é mais ampla que a escola", a sociedade reflete esse período de mudança que afetou a forma de se vestir até o que era colocado no prato.

 

Partindo de sala de aula institucional Gabriele analisa como a contracultura  influenciou a organização dentro das escolas tendo em vista a influência desse período e como as mudanças auxiliaram na democratização da educação, mas através de análises nos explica que nenhuma instituição é completamente alternativa, ou seja, não é porque a escola não baseia seu funcionamento dentro do que é tido tradicional que ela pode ser considerada totalmente alternativa, ela ainda declara "A escola pode ter uma estrutura completamente tradicional mas possuir um currículo diversificado", daí vem a dificuldade de se bater o martelo e apontar a linha que divide o tradicional da alternatividade.   

   

Atualmente trabalhando como professora em Florianópolis, Gabriele aponta alguns fatores que enxerga como essenciais para a inclusão de componentes alternativos dentro das instituições, uma delas é o planejamento "Não adianta cobrar tudo dos alunos, que eles façam tudo de maneira transdisciplinar se não lhes forem dadas as ferramentas", a articulação entre os professores é essencial para que os projetos sejam executados de forma a beneficiar os estudantes.  

 

Ainda segundo ela a valorização do ambiente em que o aluno está inserido também faz a diferença no momento de pensar o currículo escolar, a compreensão das diferentes realidades é um aliado do educador que pode, pensar seu conteúdo de maneira mais realista e despertar assim o interesse do aluno fazendo-o encontrar na instituição um aliado.

 

A pluralidade que um educador encontra em sala de aula é ampla, principalmente num país vasto como o Brasil. Levando em consideração a grande influência europeia na construção de nosso sistema de funcionamento didático, podemos compreender os grandes desafios que a descolonização educacional enfrenta, séculos de tradição baseados numa realidade que não se aplica num país como o nosso, torna ainda mais necessária a mudança nos conceitos educacionais.

 

Gabriele a todo momento destaca que a conversa sobre a educação não tradicional e sua aplicabilidade é complexa pois aborda vários aspectos variantes, mas enfatiza na mesma proporção os benefícios de aplicá-la. A construção do ensino pautada em projetos e ideias que fogem do currículo atual parece muitas vezes algo impossível, caminhamos com passos cheios de dificuldade, porém, pessoas como a professora Gabriele trazem para o plano real o sonho de vários. No meio de tantas teorias e realidades, entendemos conversando com ela que o único caminho de descobrir as possibilidades é através de muita dedicação, senso crítico e trabalho em equipe.

 

Escrito por Janaina Lopes