Em entrevista ao Instituto REDI Walderes nos mostra através de sua jornada dentro da educação as dificuldades de inserir reais mudanças em sala de aula, nascida na Terra Indígena Laklãnõ/Xokleng em Ibirama -SC ela relata durante sua conversa com membra da divisão de Pesquisa e Educação Victória Lacerda, os desafios que enfrentou para educar com cultura, e com isso traça um panorama sobre o ensino brasileiro pela perspectiva de alguém que de fato conseguiu através da persistência ser uma agente de mudança dentro de sua comunidade.
Hoje Mestre em História com linha de pesquisa em Arqueologia, Etnohistória e História Indígena pela UFSC, sendo a primeira mulher do povo Laklanõ a ter esse título, começou na educação devido a falta de professores na instituição dentro de sua comunidade, e desde o princípio, usou sua própria experiência como aluna para repensar formas de ensinar sem deixar de lado a tradição do povo Laklanõ.
Dona de uma persistência inspiradora, Walderes não se deixou vencer mesmo tendo seu projeto rejeitado várias vezes, ela conta "comecei a mexer os pauzinhos para que a gente conseguisse uma educação escolar indígena diferenciada", e de fato somente depois de reelaborar seu projeto e buscar o apoio de mais três professores que as coisas começaram a andar e ela pode colocar em prática o projeto do Mõg, a bebida tradicional do povo Laklanõ.
O projeto de Walderes baseia-se na feitura da bebida tradicional de seu povo e no envolvimento dos alunos nesse processo, dessa forma os alunos recebiam a educação curricular estabelecida, mas sem deixar de lado sua identidade indígena, ela nos diz que "foi nesse momento que pude tirar os alunos da sala de aula, levá-los para o rio, para colher as ervas, olhar a natureza e aprender desse jeito".
As mudanças vieram assim como a forma de ensinar, ela ressalta principalmente a participação dos anciões nesse movimento de transformação, que de início, assim como todos, não queriam ajudar pois a produção da bebida era feita originalmente apenas por homens, mas que após muitas conversas entenderam a necessidade de perpetuar seus ensinamentos através dos estudos de Walderes.
Com a mudança dentro da escola outras transformações começaram a acontecer no povo Laklanõ e outras tradições foram sendo recuperadas, como o casamento tradicional, a perfuração de lábios e o batizado das crianças, como a própria Walderes nos diz " A tradição não estava morta, estava adormecida, devido a necessidade que tivemos de nos encaixar na sociedade historicamente".
A importância dos professores indígenas também é destacada por ela " Ao mesmo tempo estão formando alunos para passar no vestibular e no Enem eles também estão formando lideranças, caciques, que precisam ter esses conhecimentos sobre o nosso povo e cultura".
Mesmo tendo conquistado grandes vitórias dentro da educação indígena Walderes se mantêm realista em relação ao árduo caminho que ainda precisa ser percorrido, e comenta como o estado tem dificultado o trabalho feito por professores nas escolas indígenas ao não reconhecer a necessidade de adaptação do currículo em ordem de manter a identidade dos povos " A gente tem uma visão dentro da terra indígena , mas somos sempre barrados pelo estado, o estado não aceita nossas formas de trabalho" diz ela.
Hoje trabalhando como consultora educacional, se prepara para lançar um livro onde pretende detalhar sua jornada dentro da sala e também compartilhar com o mundo a importância da adaptação curricular dentro das terras indígenas. Walderes que é uma orgulhosa representante do povo Laklanõ nos mostra através de suas falas e de seu trabalho a importância da tradição dentro da escola e de como a identidade de um povo deve ser reconhecida e respeitada para que as mudanças sejam cada vez mais efetivas e duradouras.
Em entrevista ao Instituto REDI Walderes nos mostra através de sua jornada dentro da educação as dificuldades de inserir reais mudanças em sala de aula, nascida na Terra Indígena Laklãnõ/Xokleng em Ibirama -SC ela relata durante sua conversa com membra da divisão de Pesquisa e Educação Victória Lacerda, os desafios que enfrentou para educar com cultura, e com isso traça um panorama sobre o ensino brasileiro pela perspectiva de alguém que de fato conseguiu através da persistência ser uma agente de mudança dentro de sua comunidade.
Hoje Mestre em História com linha de pesquisa em Arqueologia, Etnohistória e História Indígena pela UFSC, sendo a primeira mulher do povo Laklanõ a ter esse título, começou na educação devido a falta de professores na instituição dentro de sua comunidade, e desde o princípio, usou sua própria experiência como aluna para repensar formas de ensinar sem deixar de lado a tradição do povo Laklanõ.
Dona de uma persistência inspiradora, Walderes não se deixou vencer mesmo tendo seu projeto rejeitado várias vezes, ela conta "comecei a mexer os pauzinhos para que a gente conseguisse uma educação escolar indígena diferenciada", e de fato somente depois de reelaborar seu projeto e buscar o apoio de mais três professores que as coisas começaram a andar e ela pode colocar em prática o projeto do Mõg, a bebida tradicional do povo Laklanõ.
O projeto de Walderes baseia-se na feitura da bebida tradicional de seu povo e no envolvimento dos alunos nesse processo, dessa forma os alunos recebiam a educação curricular estabelecida, mas sem deixar de lado sua identidade indígena, ela nos diz que "foi nesse momento que pude tirar os alunos da sala de aula, levá-los para o rio, para colher as ervas, olhar a natureza e aprender desse jeito".
As mudanças vieram assim como a forma de ensinar, ela ressalta principalmente a participação dos anciões nesse movimento de transformação, que de início, assim como todos, não queriam ajudar pois a produção da bebida era feita originalmente apenas por homens, mas que após muitas conversas entenderam a necessidade de perpetuar seus ensinamentos através dos estudos de Walderes.
Com a mudança dentro da escola outras transformações começaram a acontecer no povo Laklanõ e outras tradições foram sendo recuperadas, como o casamento tradicional, a perfuração de lábios e o batizado das crianças, como a própria Walderes nos diz " A tradição não estava morta, estava adormecida, devido a necessidade que tivemos de nos encaixar na sociedade historicamente".
A importância dos professores indígenas também é destacada por ela " Ao mesmo tempo estão formando alunos para passar no vestibular e no Enem eles também estão formando lideranças, caciques, que precisam ter esses conhecimentos sobre o nosso povo e cultura".
Mesmo tendo conquistado grandes vitórias dentro da educação indígena Walderes se mantêm realista em relação ao árduo caminho que ainda precisa ser percorrido, e comenta como o estado tem dificultado o trabalho feito por professores nas escolas indígenas ao não reconhecer a necessidade de adaptação do currículo em ordem de manter a identidade dos povos " A gente tem uma visão dentro da terra indígena , mas somos sempre barrados pelo estado, o estado não aceita nossas formas de trabalho" diz ela.
Hoje trabalhando como consultora educacional, se prepara para lançar um livro onde pretende detalhar sua jornada dentro da sala e também compartilhar com o mundo a importância da adaptação curricular dentro das terras indígenas. Walderes que é uma orgulhosa representante do povo Laklanõ nos mostra através de suas falas e de seu trabalho a importância da tradição dentro da escola e de como a identidade de um povo deve ser reconhecida e respeitada para que as mudanças sejam cada vez mais efetivas e duradouras.
Escrito por Janaina Lopes