Essa pesquisa originou-se de dúvidas e inquietudes quanto a formação inicial ou continuada de professores para o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em sala de aula. Neste contexto, a pesquisa seguiu na direção de apontar caminhos para uma formação de professores que atenda às políticas educacionais brasileiras, propondo uma estratégia diferenciada para se formar o discente, futuro docente, por meio da abordagem Construcionista, Contextualizada e Significativa (CCS) (SCHLÜNZEN, 2015), tornando a aprendizagem significativa e usando as TDIC como ferramentas nos processos de ensino e de aprendizagem.
Previamente ao trabalho de campo, realizou-se um levantamento de pesquisas científicas (teses, dissertações e artigos) realizadas nos últimos 3 (três) anos da execução da investigação. Por meio dele, constata-se a falta de pesquisas que abordassem de modo completo como implementar uma formação inicial de professores que englobasse o uso das TDIC dentro de sala de aula para promoção de uma Educação Inclusiva, potencializando as habilidades e competências dos Estudantes Público Alvo da Educação Especial (EPAEE) e como essas ferramentas poderiam ser usadas na mudança da prática pedagógica desses futuros professores, fortalecendo, desse modo, os processos de ensino e de aprendizagem.
O público alvo da pesquisa foi composto por: 1 (um) docente e 60 (sessenta) discentes matriculados na disciplina de Libras do curso de Licenciatura em Pedagogia de uma universidade pública estadual localizada no interior do estado de São Paulo, durante o segundo semestre de 2019. Nesse período foi possível analisar os processos de planejamento e desenvolvimento da disciplina de Libras para uma Educação Inclusiva em um curso de Pedagogia, adotando como princípios a abordagem CCS.
A pesquisa é do tipo qualitativa que, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), apresenta uma forte ação dos investigadores, ou seja, há o desenvolvimento, execução e análise de todo o ambiente estudado para a resolução de um determinado problema.
Nesse contexto, onde todos os envolvidos trabalham em conjunto para a solução do problema proposto, a pesquisa caracteriza-se por uma pesquisa-ação (THIOLLENT, 1988), onde a ação foi definida no trabalho de planejamento, desenvolvimento e execução da disciplina de Libras, com o acompanhamento dos projetos desenvolvidos pelos discentes da disciplina e com a mediação pedagógica do seu docente responsável e da pesquisadora.
Durante os 15 (quinze) encontros realizados ao longo do semestre, em grupos de até 5 (cinco) integrantes, os discentes desenvolveram um trabalho por projeto de uma escola inclusiva, onde de acordo com o contexto (ambiente de trabalho, social e de vida) de cada discente, foi possível desenvolver a escola inclusiva que melhor se encaixasse em cada realidade escolhida.
Os grupos foram instigados a trazerem os problemas encontrados na experiência de cada um e também dentro de suas vivências em salas de aula para discussão e resolução. Dessa forma, os encontros foram planejados e executados de acordo com as dúvidas e dificuldades dos estudantes.
No início houve uma certa resistência por parte dos estudantes, pois a educação bancária (FREIRE, 1970) que prega uma aula com estudantes passivos e lousa e giz, foi trocada por encontros dinâmicos a partir das dúvidas e do interesse de cada grupo, assim como prega a abordagem CCS.
Aos poucos e durante os encontros, os estudantes foram mudando de opinião. Ao usarem as TDIC dentro e fora da sala de aula os grupos abordaram, discutiram e trocaram informações de modo contextualizado e significativo sobre diversos temas relacionados a educação inclusiva, ao uso das TDIC na inclusão dos EPAEE em ambiente escolar com a adoção da Tecnologia Assistiva (TA) e como prover uma educação inclusiva para o EPAEE, utilizando o Atendimento Educacional Especializado (AEE), em especial para os estudantes surdos.
Nessa troca de informações e experiências foi possível o desenvolvimento de um processo cíclico proporcionando condições para que cada discente da disciplina pudesse realizar o desenvolvimento de habilidades e competências para serem utilizadas dentro do ambiente de sala de aula, proporcionando uma educação inclusiva para seus futuros estudantes.
Como resultado conclui-se que, apesar da resistência inicial, relacionada à mudança da prática docente, os estudantes conseguiram elaborar um projeto de uma escola inclusiva, refletindo sobre como incluir EPAEE em um ambiente escolar e usando as TDIC como ferramentas para a construção do conhecimento e como recurso de TA para a inclusão em sala de aula. Além disso, a adoção da abordagem CCS nos currículos, combinada com a estratégia do trabalho por projetos, favorece o desenvolvimento da autonomia, a reflexão sobre a prática educacional e o uso das TDIC como ferramentas para a construção do conhecimento e como recursos de suporte de TA para os EPAEE.
Para saber mais sobre a pesquisa acesse: http://bdtd.unoeste.br:8080/jspui/handle/jspui/13
Referências
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. 1 ed. Lisboa: Porto Editora, 1994.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1970.
SCHLÜNZEN, E. T. M. Abordagem Construcionista, Contextualizada e Significativa: formação, extensão e pesquisa em uma perspectiva inclusiva. 2015. 191f. Tese (Livre-Docente: Formação de Professores para uma Escola Digital e Inclusiva) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Presidente Prudente, 2015.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1988.
AUTORES
Ana Cristina Cardoso Coimbra¹, Elisa Tomoe Moriya Schlünzen¹, Klaus Schlünzen Junior²
¹Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Mestrado em Educação, Presidente Prudente/SP.
E-mail: [email protected].
²Universidade Estadual Paulista – FCT/UNESP - Presidente Prudente/SP.